As dimensões do BIM

Succar (2009) define o BIM (Building Information Modeling) como um “conjunto de políticas, processos e tecnologias que interagem, gerando uma metodologia para gerenciar os dados essenciais do projeto de construção e do projeto em formato digital ao longo do ciclo de vida do edifício”. Ou seja, desde o pré-obra (concepção/projeto) até o pós-obra (manutenção e/ou demolição), podemos gerenciar as informações presentes no modelo BIM, estendendo, assim, a atuação da engenharia atual com auxílio de modelos digitais. É uma mudança de paradigma que passa a entender nossa atuação como uma prestação de serviço continuada, mais que a entrega de uma solução técnica edificada. Como, então, construímos esse modelo BIM para possibilitar outros usos?

A definição do processo e dos objetivos do projeto precedem a escolha das ferramentas de modelagem da informação. Em outras palavras, o nível de informação que se pretende atigir e quais usos serão aplicados pelas mesmas são fundamentais para a correta aplicação da metodologia BIM. A ISO 19650 estabelece as informações mínimas necessárias para o projeto e deve ser o documento de referência para as definições de estratégia do desenvolvimento desde a contração do projeto.  

Gestão, coordenação, interoperabilidade e planejamento são as bases de qualquer projeto na metodologia BIM. Antes de iniciar devemos estabelecer a gestão do processo de projeto para estruturar as equipes, definir as responsabilidades, estratégias de colaboração e gerenciamento da informação, a partir de um plano de execução (BEP – Plano de Execução BIM). Os modelos devem ser auditados garantindo o atendimento aos requisitos pré-estabelecidos no BEP durante a etapa de desenvolvimento da engenharia, garantindo a coerência e a qualidade do projeto. E isso impacta diretamente nas fases possíveis de expansão dos usos do modelo BIM.

Modelo Federado do Projeto da Nova Escola Meridional

Abaixo listo os principais benefícios das dimensões 3D a 7D:

Dimensão 3D: Modelagem paramétrica

  • Permite colaboração entre equipes multidisciplinares, a partir de um modelo federado (junção de vários modelos de diferentes disciplinas);
  • Redução do retrabalho frente a rastreabilidade e transparência das informações. Gera uma documentação mais consistente e íntegra, uma vez que é resultado de uma informação centralizada no modelo;
  • Code checking: auditoria das informações presentes no modelo;
  • Compatibilização: Clash avoidance, evitando conflitos geométricos e não-geométricos;
  • Extração de quantitativos de matérias, equipamentos, etc;
  • Necessita de um Ambiente Comum de Dados (CDE): Plataforma na nuvem para centralizar as informações e decisões de projeto. Exemplos: Bimsync, Oracle Aconex, Trimble connect, entre outros;
  • Exemplos de ferramentas de modelagem: Revit, Archicad, Tekla, Eberick, QiBuilder, entre outros;
  • Exemplos de ferramentas de análise de compatibilidade: Solibri, Bexel Manager, Navisworks, Bimcollab, entre outros.

Dimensão 4D: Planejamento

  • Sequenciamento da obra, garantindo que todo o escopo esteja refletido no cronograma;
  • Detecção precoce de conflitos espaço-temporais (clashes dinâmicos – equipamentos de construção);
  • Análise de alocação de recursos mais eficiente;
  • Programação e acompanhamento visual da execução/fabricação;
  • Gestão de recursos, suprimentos;
  • Exemplos de ferramentas: Synchro AWP, Vico, SMART Build, MTWO entre outros.

Dimensão 5D: Orçamentação

  • Análise do custo frente as atividades do projeto;
  • Associação do modelo a um banco de dados automatizado;
  • Levantamento de quantitativos com maior precisão e rastreabilidade a partir das informações presentes nos modelos;
  • Permite estudar reduções de custos durante a etapa de projeto;
  • Exemplo de ferramentas: Primus IFC, Vico, Orçabim (plugin), Qivisus, entre outros.

Dimensão 6D: Sustentabilidade

  • Simulações que auxiliam a sustentabilidade econômica, ambiental e energética;
  • Análise do desempenho energético para economizar na fase de operação da edificação;
  • Ideal que seja utilizado na etapa de desenvolvimento da engenharia;
  • Exemplo de ferramentas: Termus Plus, Energy Plus, entre outros.

Dimensão 7D: Gestão e Manutenção

  • Começa após a construção do ativo e termina com a sua demolição;
  • Gerenciamento e manutenção de ativos existentes durante a fase de operação/manutenção;
  • Exemplo de ferramentas: usBIM.facility, Autodesk Forge, entre outros;
  • Associado a sensores IoT e inteligência artificial, podemos nos aproximar dos chamados “Gêmeos Digitais”, interação dinâmica entre modelo digital e realidade. Exige estágios avançados de maturidade em BIM das empresas envolvidas no desenvolvimento do modelo.
Fonte: https://biblus.accasoftware.com/ptb/bim-6d-e-sustentabilidade-na-construcao-civil/

Conclusão

BIM é uma decisão estratégica que permite maior transparência, menor riscos, maior controle e menor impacto financeiro e ambiental, melhorando performace e a qualidade dos projetos. É uma metodologia que traz benefícios aos projetistas, gerenciadores, construtores, proprietários, operadores, agregando diversos valores à construção civil.  É um caminho sem volta que a cada desdobramento tecnológico envolverá a integração da metodologia BIM com novos conceitos associados dentro das ‘’Ds do BIM’’ como Lean Construction, Advanced Work Packagins, Front End Loading, entre outros.

Nesse contexto de transformação digital, nós da Reta Engenharia temos avançado na adoção e maturidade da metodologia BIM atingindo patamares mais altos em gerenciamento, buscando incansavelmente ser o melhor caminho entre a idealização e a realização de empreendimentos.

Referências

Lucas Yosuke Leonel Fukuda – Arquiteto

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