Ergonomia física e psicologia ambiental: você trabalha em um ambiente que te faz bem?

Ergonomia é uma ciência que busca entender a relação do ser humano com as condições de trabalho. É a partir dessa ciência que o Ministério do Trabalho elabora medidas para reduzir os riscos ocupacionais, atuando tanto no espaço físico quanto na organização dos processos, hoje definidas pela Norma Reguladora 17 (NR17). A Ergonomia pode ser dividida em 3 tipos: Organizacional, Cognitiva e Física. Neste artigo, vamos focar no último tipo citado.

Ergonomia física

Este tipo é focado em questões relacionadas ao espaço da empresa e à saúde física do trabalhador. A área abrange desde a qualidade dos equipamentos utilizados até a postura corporal do empregado, dentro do campo da fisioterapia.

  • ventilação e temperatura do ambiente;
  • iluminação;
  • condições sanitárias;
  • condições de trabalho durante o exercício da função (por exemplo, se há necessidade de adquirir equipamentos, como cadeiras ergonômicas ou suporte para computador);
  • sinalização interna adequada, saídas de emergência ou quadros de classificação de risco;
  • quantidade de ruído;
  • organização do ambiente;
  • tempo em que é necessário ficar de pé ou levantando peso excessivo;
  • disponibilidade e qualidade dos equipamentos.

Qual é a importância da ergonomia, afinal?

Valorização do trabalho em equipe:

A saúde do colaborador e o seu bem-estar emocional impactam diretamente a produtividade da empresa. Aplicar a ergonomia no trabalho é uma forma de dizer ao empregado que a empresa se importa com ele. Essa relação saudável ajuda a promover um ambiente mais colaborativo e aumenta a satisfação dos colaboradores.

Prevenção de doenças ocupacionais:

As doenças ocupacionais são aquelas desenvolvidas devido ao ambiente de trabalho. A ergonomia é a melhor forma de prevenir essas doenças e zelar pela saúde dos trabalhadores.

Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORTs):

Geralmente estão associados à má postura e ao trabalho repetitivo ou exaustivo. Essa categoria engloba complicações como tendinites e dor crônica nas costas (dorsalgia).

Lesão por esforço repetitivo (LER):

Também é uma doença ocupacional bem comum. Dependendo da gravidade, pode até mesmo levar à aposentadoria por invalidez.

Doenças psicossociais:

Elas podem desencadear ansiedade e depressão, bem como males associados ao estresse, como problemas cardiovasculares e transtornos alimentares. Costumam acontecer devido a ambientes de trabalho hostis, nos quais há alta demanda, cobrança excessiva, jornada exaustiva e/ou má gestão.

Para além da análise descrita anteriormente, um novo estudo vem sendo importante para a construção de um ambiente de trabalho mais saudável, a Psicologia Ambiental.

Psicologia Ambiental

A Psicologia Ambiental busca entender como as condições ambientais influenciam em nossas capacidades cognitivas. Desta forma, avalia como os nossos comportamentos sociais se alteram e como isso pode impactar em nossa saúde mental. Além de contribuir para estudar a interpretação e percepção das pessoas em relação ao meio ambiente. A Psicologia Ambiental abrange áreas como arquitetura, psicologia e neurociência.

Como funciona o estudo da Psicologia Ambiental?

A análise começa a partir da constatação de que cada pessoa percebe o ambiente de uma forma diferente e o estado psicológico de cada ser humano é individual e influencia nesta percepção. Os resultados são obtidos através de pesquisas de amostragem com os mais variados grupos de pessoas. Essas pesquisas abrangem diversas áreas, não somente a do trabalho.

Por exemplo: Um estudo de 2014 mostrou que a criatividade aumenta quando estamos caminhando. Ao realizar um teste que mede a criatividade, houve melhora de 81% para aqueles que fizeram o teste caminhando em comparação com aqueles que fizeram o teste sentados. Isso porque, entre outras coisas, quando nos movimentamos aumenta o fluxo de sangue para o cérebro. Por isso, em escolas e ambientes corporativos, podemos explorar estratégias para estimular caminhadas. O layout dos ambientes, a posição das salas de reunião, o mobiliário e a distância entre os móveis podem ser pensados de modo a induzir as pessoas a se movimentarem mais pelo espaço, estimulando estados mentais mais criativos.

Além desse estudo, muitos outros podem ser encontrados sobre o ambiente de trabalho e, a partir deles, podemos seguir algumas dicas que irão facilitar e melhorar a forma como trabalhamos.

Cores

É sempre importante considerar o poder que elas têm de animar, estimular, assim como irritar, deprimir, angustiar. O uso da cor depende muito da sensação que se quer criar e da personalidade do dono. Por meio da Psicologia das Cores, sabemos que as cores exercem forte influência nos aspectos físico, mental e emocional das pessoas. Embora cada um de nós responda a cor de uma forma particular, alguns sentimentos tendem a ser gerados por certas tonalidades em particular.

Infográfico: A psicologia das cores no marketing e no dia a dia.
Fonte: Viver de Blog.

Cores quentes (amarelo, laranja, vermelho), por exemplo, trazem luz, alegria, otimismo, bom astral e estimulam o apetite. O vermelho é excitante e se usado em excesso pode até causar irritabilidade.

Fonte: Pinterest

Cores frias (violeta, azul, cinza e verde) são tranquilizantes e refrescantes, porém podem levar à introspecção e depressão. O ideal é usá-las combinadas a outras cores.

Fonte: Pinterest

Apesar de focarmos na tela do computador, tudo aquilo que está atrás dela faz parte do nosso campo de visão e deve ser levado em consideração. Evite papeis de parede com muita informação.

Fonte: Pinterest

Opte por acabamentos mais lisos e sóbrios, estes não irão tirar sua atenção e causarão menos cansaço visual. Se possível, dê prioridade a paisagens naturais, janelas ou varandas.

Fonte: Pinterest

Para aumentar sua capacidade de foco, uma dica valiosa é evitar se sentar de costas para a porta. Esta posição aumenta sua vulnerabilidade e faz com que você tenha a sensação de estar sendo constantemente observado.

Fonte: Pinterest

Atenção quanto a incidência de luz natural diretamente nos olhos. O ideal é controlar a entrada de luz natural para que o ambiente esteja claro, mas não cause irritação aos olhos (fotofobia). Para isso, podemos usar cortinas de tecidos em tons claros e leves, como linho ou oxford.

Fonte: Pinterest

Para aqueles que necessitam de luz artificial para uma boa iluminação, é indicado equilibrar iluminação direta e indireta. Isso pode ser feito através de um projeto luminotécnico utilizando luzes led com difusor leitoso e luzes led focais. Importante levar em consideração a tonalidade da luz e evitar tons muito amarelados, pois estimulam a produção de melatonina (hormônio do sono).

Fonte: Pinterest

Evite trabalhar em locais não preparados para este fim (cama, sofá etc.). Manter o ambiente de trabalho organizado também é importante pois aumenta sua produtividade, otimiza seu tempo na busca por qualquer item, aumenta seu espaço físico para trabalhar e reduz estresse. Outro ponto necessário de ser avaliado são as cadeiras. É válido considerar a aquisição de cadeiras com ajuste de assento e coluna e se atentar com a altura da mesa de trabalho.

Além de todas essas dicas é importante lembrar de humanizar o seu espaço de trabalho, seja ele na empresa ou remoto (home-office). Se sentir pertencente aquele espaço é imprescindível para melhoria do seu bem-estar. Colocar plantas ajuda na humanização e embeleza o ambiente, fotos de lugares ou pessoas importantes para você também ajudam e ainda trazem boas memórias nos momentos de descompressão da jornada de trabalho.

Fonte: Pinterest

Você já parou para analisar seu ambiente de trabalho hoje? Pegue todas as dicas acima e ajeite um melhor ambiente para você.

Referências

CARVALHO, Henrique. [Infográfico] A psicologia das cores no marketing e no dia-a-dia. 8 de setembro de 2013. Disponível em: <https://viverdeblog.com/psicologia-das-cores/>. Acesso em: 15 de maio de 2022.

ERGONOMIA no trabalho: veja como promover e seus principais benefícios! PontoTel, 13 de maio de 2021. Disponível em: <https://www.pontotel.com.br/ergonomia-no-trabalho/>. Acesso em: 15 de maio de 2022.

MOSER, Gabriel. Psicologia Ambiental. SciELO. Natal, 27 de ago. de 1997. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/epsic/a/JJ6HsWrYfmYZy9XxZxtYVFr/>. Acesso em: 15 de maio de 2022.

O QUE é a psicologia ambiental? eCycle. 28 de dez. de 2020. Disponível em: <https://www.ecycle.com.br/psicologia-ambiental/>. Acesso em: 15 de maio de 2022.

PEREIRA, Matheus. O papel da cor na arquitetura. ArchDaily Brasil, 15 de maio de 2018. Disponível em: .https://www.archdaily.com.br/br/894425/o-papel-da-cor-na-arquitetura>. Acesso em: 15 de maio de 2020

Lívia Chaves Nogueira Guerra – Arquiteta da Reta Engenharia

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *