Proteção auditiva e respiratória: você faz o uso correto dos EPIs?

Em um canteiro de obra, existem inúmeros ruídos e contaminantes que, acumulados, dia após dia, podem trazer sérios malefícios à saúde. Por isso, é tão importante saber identificar esses riscos e se proteger. Para reduzir a exposição dos trabalhadores, evitar desconfortos e doenças no futuro é que se faz necessário o uso correto de diversos equipamentos de proteção individual (EPIs). Nesta matéria, vamos abordar as funções e os principais cuidados relacionados aos protetores respiratórios e auriculares. 

O que os olhos não veem, mas o corpo sente

Após dois anos do início da pandemia de Covid-19 no Brasil, já sabemos bem a importância de proteger nossas vias respiratórias para evitar o contágio e a propagação da doença. No entanto, além de vírus, bactérias e outros microrganismos, o ar também pode carregar pequenas partículas e substâncias nocivas que não são visíveis, mas podem ser facilmente inaladas, especialmente durante a rotina dos trabalhadores da construção civil. Sim, para esses profissionais, a proteção facial já é um hábito antigo. 

Conforme explica a engenheira de segurança do trabalho e fiscal de obra Grazielle Souza Aguiar, existem basicamente dois grupos de riscos respiratórios: os particulados, que são poeiras, névoas, fumos e partículas tóxicas; e os químicos, que consistem em gases e vapores. Essas substâncias agressivas irritam as vias respiratórias e se alojam nos pulmões, causando tosse, espirros, tontura, dores de cabeça, resfriados, sinusites, bronquites e pneumonias alérgicas. Além disso, ao passarem pelos pulmões e atingirem a corrente sanguínea, elas afetam o sistema nervoso central, podendo estender os danos ao cérebro e outros órgãos vitais. “Por isso, o uso correto da proteção respiratória é fundamental. As máscaras funcionam como uma barreira que dificulta a inalação de agentes potencialmente perigosos à saúde. Existem vários tipos e a escolha da melhor proteção deve levar em consideração a natureza da função desempenhada pelo trabalhador, a intensidade de exposição e o tipo de risco”, afirma.

A engenheira de segurança e fiscal de obras Grazielle Aguiar: “O uso correto e constante dos EPIs é indispensável para gerir riscos e cuidar da saúde dos trabalhadores”.

Para a proteção respiratória, nas obras em que a Reta Engenharia está atuando, é utilizado o protetor tipo PFF 1, 2 ou 3. “Primeiramente, é importante entender o significado da sigla: PFF significa Peça Facial Filtrante, ou seja, o corpo do produto é também o meio filtrante responsável por não deixar os contaminantes entrarem em contato com o sistema respiratória do usuário”, explica o engenheiro de segurança Vinícius Henrique Alves Santos. Os respiradores denominados PFF normalmente são descartáveis, não possuindo nenhum tipo de manutenção. Sendo assim, após a utilização ou quando indicado pelo responsável em Saúde & Segurança, o produto deve ser substituído.

Ainda segundo Vinícius, desde que utilizada da forma correta e tomando os cuidados necessários para a reutilização, a máscara PFF2 é sim a mais eficaz e recomendada contra o novo coronavírus. Mas o oposto não é verdadeiro. “As máscaras de pano ou as cirúrgicas, comumente usadas contra a Covid-19, não possuem proteção contra poeiras ou aerodispersóides”, afirma.

Hein? É comigo?

Outro fator de risco ao qual os operários se expõem frequentemente nas obras é o ruído ocupacional. Ao posso que o som são vibrações no ar que provocam estímulo no aparelho auditivo de maneira agradável, o ruído já causa desconforto e pode prejudicar a saúde e o bem-estar de uma pessoa. O constante contato com sons altos, sem a devida proteção, pode comprometer a audição do indivíduo, acarretando perda de sua capacidade auditiva de forma parcial ou total. Além disso, um ambiente barulhento e sem controle de ruídos diminui a produtividade e qualidade do trabalho, gera nervosismo, irritabilidade, ansiedade, falhas de comunicação, aumento da pressão sanguínea, contrações musculares e alterações sexuais.

Para reverter esse cenário, uma das principais medidas de controle está no uso adequado dos EPIs de proteção auditiva. O equipamento deve ser utilizado sempre que o nível do ruído for maior que os limites de tolerância permitidos, conferindo ainda proteção ao canal auditivo do usuário contra ventos fortes, chuva, frio e outros agentes ambientais.

Entre os modelos mais comuns de protetor auditivo estão o de inserção ou plug e o tipo concha ou abafador de ruído. Segundo a engenheira Grazielle Aguiar, os primeiros têm seu desempenho aumentado nas faixas mais baixas, enquanto os últimos apresentam excelente desempenho em faixas de frequência médias para altas. “A atenuação em baixas frequências é em torno de 5 a 20 dB, nas médias frequência é de aproximadamente 10 a 30 dB e nas altas frequência, entre 20 a 35 dB”, afirma.

Outro ponto importante a levar em consideração no momento de escolha entre esses dois produtos é o conforto do trabalhador. “Enquanto o abafador de ruído é considerado mais confortável, por não ser “invasivo”, ficando apenas sobre a cabeça, ainda há um bom número de pessoas que preferem o protetor intra auricular pela sua praticidade e facilidade de transporte”, complementa o engenheiro Vinícius Santos. 

Nossos colaboradores fazem uso de abafador de ruído e máscara de proteção PFF2 em campo.

Mas, atenção! Ambos os modelos exigem cuidados especiais em relação a sua higienização. “Com limpeza deficiente ou a falta dela, ao inserir o protetor intra auricular no canal auditivo, poderá ter junto sujeiras, poeiras e pequenos insetos, potencializando o risco de doenças e infecções no trato auricular”, explica Vinícius. Esses tipos de protetores devem ser substituídos em mais ou menos 3 meses e/ou quando danificados. Já os abafadores de ruído possuem um tempo de vida útil bem maior. Mas é necessário uma higienização mais cuidadosa e frequente, pois ao serem utilizados, a concha do protetor fica em contato direto com a nossa pele, o que pode causar transpiração excessiva no local, sendo necessária a limpeza quase que diária.

Independente do modelo escolhido, a orientação é clara: “Tanto na hora de tirar, quanto na hora de colocar qualquer tipo de protetor auricular, as mãos devem estar limpas”, reforça Grazielle. Além disso, brincos e acessórios nas orelhas não são indicados durante o uso de protetores auriculares, pois podem causar acidentes ou danificar o acessório de proteção.

Por dentro da lei

No Brasil, as Normas Regulamentadoras, também conhecidas como NRs, fornecem orientações sobre procedimentos obrigatórios relacionados à segurança e saúde do trabalhador. O uso dos equipamentos de proteção é determinado por uma norma técnica chamada NR 6, que estabelece que os EPIs sejam fornecidos de forma gratuita ao trabalhador para o desempenho de suas funções dentro da empresa. Os equipamentos de proteção individual devem ser mantidos em boas condições de uso e precisam ter um Certificado de Aprovação do órgão competente para garantir que estão em conformidade com as determinações do Ministério do Trabalho. 

A NR 9, por sua vez, através do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), estabelece as medidas necessárias para controlar os riscos físicos, químicos e biológicos nos locais de trabalho. Para os trabalhadores que atuam em área de mineração, é necessário implementar o PGR – Programa de Gerenciamento de Riscos, que assim como o PPRA, tem como objetivo prevenir que acidentes ambientais ocorram. Este programa está vinculado à NR 22. Já a NR 7, através do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), estabelece critérios que ajudam a avaliar a eficácia das medidas criadas nos programas supracitados. 

Sendo assim, ao monitorar a saúde dos trabalhadores através dos exames previstos no PCMSO, estaremos também avaliando a eficácia das medidas de controle que foram propostas no PPRA ou PGR. Todos os documentos referentes aos programas e informações complementares sobre Saúde e Segurança Ocupacional podem ser consultados por nossos colaboradores na página do Sistema de Gestão Integrado da Reta Engenharia.

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